segunda-feira, 14 de maio de 2007
Maré Marrón
Dona Natureza faz linha "I-Love-You-Mas-Num-Fresque-Não". Ela quando se emputece dá de palmatória envernizada, meu povo. E não tô falando só de furacão Katrina ou outras catástrofes mega-tô-ferrado que a gente anda levando de troco, por conta do aquecimento global. Às vezes a vingança é das miúdas, mas mesmo assim causa estragos - nem que seja no orgulho.
Sêo Firmino cagou no rio. Pai de família respeitável, homem honesto, trabalhador, todo domingo com hóstia na língua. Mas cagou no rio. "Veio uma daquelas finas, não deu pra segurar!", tentou se desculpar ele depois da feita. Arrã. Mas não teve jeito: o rio contra-atacou e todo mundo viu. Se a cólica não matou o velho, a vergonha quase deu conta do trabalho.
Foi a modo assim: tava lá seu Firmino com a família no banho. Tinham uma lanchinha e volta e meia se picavam pruma dessas prainhas que se formam, aos montes, nesse nosso imenso rio Negro abençoado de Deus. Foi num desses momentos bubuia, em pleno riozão e meio afastado da beira, que - segundo consta - acometeu-lhe piriri dos brabos. Sêo Firmino olhou prum lado, olhou pro outro - a patroa distraída lá na areia, brincando com os netos - e ele pensou: "Vai ser aqui mesmo, ninguém vai nem notar...". Daí foi arrear o calção pro lado e Plop! Plop! Plop!, despejar nas águas até então limpíssimas uma verdadeira artilharia de torpedos marrons, que logo projetaram-se lépidos e fagueiros rumo à superfície.
Ah, mas não prestou. Assim que a merda subiu, veio banzeiro. Dos fortes.
Sêo Firmino se afastando da merda recém parida e o rio mandando a merda de volta ao emissor. E foge a nado, e a merda vai atrás. Vira, bate as mãos pra frente, e o toletão lá, atacando insistentemente. O esforço já fazendo o velho bufar, o desespero de fugir da bosta perseguidora deixando o homem agoniado, e foi dando uma cãibra... a essa altura, a tentativa de uma cagada aquática discreta já tinha ido literalmente por água abaixo: a cena era de fazer "Tubarão" parecer um filme da Disney. Mas lá na beira os netos do sêo Firmino, que já tinham dado conta da coisa, tavam era achando graça. Vibravam, feito torcida, com aquele nado sincronizado improvisado entre um ser humano e seu subproduto menos nobre.
Quem coroou esse momento tão sublime foi a esposa do sêo Firmino. Mulher daquelas despachadas, pôs as mãos nas largas ancas e ficou olhando, séria, por uns 5 minutos antes de esculhambar geral:
- "MUITO BONITO!", berrou ela - imediatamente chamando atenção dos poucos (e infelizes) banhistas ali presentes que ainda não tinham percebido a situação. "- UM HOMEM DESSA IDADE BRINCANDO COM MERDA!"
Sêo Firmino só não procurou um buraco aquático pra se afundar de vez porque antes cagado e humilhado que afogado. A vingança do rio foi simples, mas o trauma certamente vai ficar pro resto da vida.
Mas, falando francamente: que bom que nem sempre a Mãe Natureza é uma bruaca assim tão rancorosa e vingativa. Se ela adotasse tal comportamento como padrão, devolvendo toda merda que recebe, nossa espécie já teria sido dizimada.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
6 comentários:
Mano, isso tá parecendo o "banho" que eu fui sábado, ode uma criança fez a mesma arte, mas dentro da piscina! Que tal???
Menino esse post fede !
Bizarrinho querido, se eu te contasse do meu querido colega de trabalho que tem o * frouxo e não para de peidar, talvez vc considerasse que vivo na merda, ou muito perto. Hehehe. Beijos. Saudade de ti. Quando vamos de novo comer aquela massa?
Passei aqui pra procurar o ombro magrelo do bizarro, que invariavelmente me faz um bem danado! Risadas e risadas na frente do computador...E o riso é um santo remédio!
Beijooooooooooo
Nanne e Bizy, qd forem comer a massa, por favor, me convidem. Aliás, não me convidem não, que eu voltei pra dieta, pra variar. Quisera eu ter esses ombros magrelos!!!
Beijos.
Dani, a burguesia fede, mas tem dinheiro pra comprar perfume - e pra alugar lancha pra cagar no rio. É triste... Dea, fico feliz em ter ajudado! Pelo menos pra fazer rir eu sirvo! Mas ó, essa dos ombros é impressionante: eu sofri a infância e a adolescência inteiras por conta desses ombros ossudos, e hoje eles tão é na moda! Precisa ver a cara dos gordos quando eu entro numa loja de roupas e os vendedores vêm todos voando na minha direção, com aquela cara de "comissão garantida: qualquer merda cabe nesse cabide humano!". É uma glória... Nanne, é só marcar o almoço, que o despachado aqui vai! E Ziza, venha também, poxa. Nem que seja pra fazer fofoca: o resturante em questão tem sobremesas diet! :-)
Postar um comentário