segunda-feira, 25 de junho de 2007

Bizarro na Banca

Jornalismo pra quem não agüenta mais jornal

O governo aumentou para 25% a concentração de álcool na gasolina. Considerando que a maioria dos donos de postos ainda "temperam" a mistura com água, óleo e outras coisas que é melhor nem saber, imaginemos quanto de gasolina ainda resta na gasolina.
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Renan Calheiros continua afirmando inocência. Diz que já apresentou defesa e alega uma tentativa, por parte da imprensa, de "assassinar sua honra". Ué, mas ela não morreu de parto?
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Estudo diz que banana reduz depressão em mulheres. E Bizarro Kid é ameaçado de processo caso faça piadinhas grosseiras e infames com um tema desses.
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Aeronáutica volta a suspender vôos em São Paulo. "Relaxa e goza", disse a Marta. Haja tesão pra passar mais de oito horas gozando na fila de embarque.
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Assaltantes fazem dezenas de reféns em festa de São João na Zona Norte de Recife. Era uma quadrilha. (rá, rá, rá.).
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Aí eu pergunto: vale a pena escrever sobre temas "sérios" no blog?

Também acho que não. Voltemos à programação normal.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

"Poltergeist" encontra "Psicose": o banheiro bizarro e suas luzes maravilhosas.


- Sêo Bizarro?
- Hã.
- O Ralo do seu banheiro tá acendendo.
- Cumequié, mulher de Deus?
- Tá acendendo, sêo Bizarro. Eu fui lavar o box e tinha uma luzinha piscando lá de drento, assim a modo que nem se uma lâmpida tava acesa lá no fundo. O sinhô mandô instalá uma lâmpida drento do ralo?
- Acredito sinceramente que não, Dona Ana.
- Intão acho melhor o sinhô mandar alguém ir lá ver que negócio isquisito é esse, que eu num vô lavá o banheiro cum aquele treco alumiando lá, não!

A pergunta que eu me faço nessas horas é: "por que eu?" Diaristas zelosas normais procuram seus patrões pra reclamar que o gás acabou, que o teto tá com goteira, que a torneira tá vazando ou que o poodle da vizinha cagou no tapete da porta. Mas, obviamente, encontrar uma diarista normal que topasse trabalhar lá em casa seria pedir demais.

Como a gangue do Scooby-Doo tava ocupada e deve haver pouquíssimos encanadores-eletricistas especializados em fenômenos domésticos paranormais dando sopa por aí, sobrou pra mim ficar de plantão, numa das minhas poucas noites de folga, dentro do box do banheiro, à espera de um luminoso contato imediato por parte do tal ralo-ovni. Quem sabe, né? Vai que alguma entidade mística do plano superior, que curta um lance mais alternativo na hora de manifestar-se fisicamente (só pra zoar com a vida alheia, é claro) tenha escolhido justo o ralo do meu banheiro para fazer uma revelação absurdamente bacana sobre a vida, o universo e tudo mais.

Bem na hora em que o Daniel ia largar uns tapas no meio das fuças da Taís (eu liguei a TV com volume no talo, pra ouvir a novela), o raio do ralo realmente acendeu e quase me matou de susto. Aí eu saquei que a pobre da Dona Ana tinha razão de ficar preocupada: ela é crente, e deve ter achado que ralo piscando era coisa do demo. Eu mesmo revi minhas convicções religiosas naquele momento: decidi fundar um culto no banheiro e cobrar dízimo dos fiéis que viessem ali, buscar iluminação espiritual e higiene pessoal de uma tacada só.

Mas a questão era bem mais ordinária do que parecia: depois de um papo com o vizinho de baixo, soube que ele tinha feito uma reforma no banheiro e mudado a saída do bucal da lâmpada de lugar. Mas a coisa não tinha sido muito bem-sucedida: vazava luz do banheiro dele pro meu e água do meu banheiro pro dele. Frustrado, decidi não dar mais trela pra diaristas superticiosas ou fenômenos domésticos não-catalogados nos Arquivos X. E assim que a TV parar de transmitir mensagens de gente morta, eu volto pra minha novela.

terça-feira, 12 de junho de 2007

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Isso sim é Inclusão Digital!



Essa quem aprontou foi uma tia do Bizarro, que também é lá meio despombalizada do juízo (a genética é poderosa).

Em tempos idos, ela era professora de português-barra-literatura e dava aula para turmas do antigo segundo grau (que mudou pra ensino médio mas, aparentemente, não melhorou porra nenhuma) no Colégio Badernante (o nome verdadeiro obviamente não era esse, que eu não quero ser processado, mas era beeeem parecido). Pois tá.

Titia Bizarra só tinha alunos anormais e delinqüentes, em sua maioria repetentes, e desenvolveu um método bastante único para conseguir enfiar alguma coisa de útil na cachola deles. Dava tão certo que ela virou referência como "disciplinadora" no segundo grau. Mas, claro, uma hora tinha que dar merda. E nem demorou muito: belo dia, a fessorinha do primário precisou faltar - justo no horário da turma mais encapetada da terceira série - e não tinha ninguém pra substituir. "Fácil! Chama a Tia Bizarra pra passar matéria pros curumins, ela tá com um tempo livre mesmo..."

E lá vai Tia Bizarra - que, convém acrescentar. não morria de amores por crianças. A missão era simples: aplicar uma redação que a professora titular havia deixado e depois liberar os trombadinhas, conforme fossem terminando a tarefa.

No início, tudo bem: Tia Bizarra mal entrou na sala e foi logo largando um esporro profilático, só pra deixar bem claro que ela não tava muito a fim de aturar pentelhação de pirralho. A turma entendeu o recado e ficou quietinha pra receber a lição. No que tá todo mundo lá, de pescoço virado pra baixo, brigando com a folha de papel pra ver se saía alguma coisa na tal da redação, uma menina da penúltima fila quebra o gelo com uma sonora e não muito sutil denúncia:

- FESSORAAAA! O PAULINHO ENFIOU O DEDO NO MEU CU!

A turma inteira gargalhou diabolicamente, ao mesmo tempo que o sangue sumia das estáticas e abismadas fuças da Tia Bizarra. "Não", pensou ela horrorizada, "eu devo ter entendido mal... melhor deixar pra lá" - e ficou na dela. Não deu outra: meio minuto depois, a mesma menina solta novo berro contra o assédio grosseiro e indesejado vindo da fila de trás:

- AAAAI, FESSORA! O PAULINHO ENFIOU DE NOVO O DEDO NO MEU CU!

Aí já era demais. Tia Bizarra levantou-se e, em meio a novo coro de gargalhadas daquela não muito sensibilizada turba de capetas, foi lá e passou um belo pito no curumim tarado - com direito a puxão de orelha "discreto" e ameaça de expulsão. E voltou pra mesa, já profundamente arrependida de ter aceitado aquele fardo de professorinha postiça.

As coisas permaneceram calmas por, digamos, dois nanossegundos: nem sentou na cadeira, Tia Bizarra ouve novo protesto - esse ainda mais alto que os anteriores - da mesma pobre menina barbarizada:

- AAAAAAAAAI, FESSOU-RAAAA! ELE AGORA INFIÔ FOI DE TRÊS DEDO NO MEU CU! QUASE RASGOU MINHA SAIA!

Houve um daqueles momentos mágicos em que o tempo parece parar. Tia Bizarra, fogo saindo das ventas, girou os calcanhares e foi andando bem devagar em direção àquele verdadeiro demônio sexual imberbe. Ignorando os berros e bolinhas de papel da turma já descontrolada, agarrou o tipinho pelo cangote e o arrastou até o canto da sala.

- "Muito bem!", gritou ela para a turma, que imediatamente voltou ao silêncio, já adivinhando que o caldo ia engrossar. "Já que o senhor Paulinho gosta tanto de cutucar as coleguinhas, ele vai ficar aqui de castigo, de cara pra parede, até o final da aula!"

Os anjinhos voltaram-se pros cadernos, tristemente, achando que o show tinha acabado.

Mas não tinha.

- "E vocês aí!", soltou Tia Bizarra, ainda com pimenta nos olhos, "Não voltem pras carteiras ainda não. Façam uma fila aqui atrás: CADA UM VAI DAR UMA DEDADA nesse moleque, pra ele ver se é bom..."

Ah, pra quê. Aquela ordem foi como soltar carniça pra urubu: os demoniozinhos entraram num frenesi dedilhante de assustar até os hóspedes mais influentes do Puraquequara. Que fazer fila, que nada: todos voaram em matilha pra cima do agressor, agora transformado em vítima da fúria pré-púbere coletiva. E foi dedada, dedada, dedada, dedada...

Tia Bizarra, já completamente sem controle da situação, berrava inutilmente pra tentar parar o linchamento digital, mas era tarde demais: só se ouviam os ganidos desesperados do tal Paulinho, as mãozinhas em garra tentando abrir caminho, buscando inutilmente fugir de zilhões de dedinhos furiosos que partiam de todas as direções. Já rolava até brigas paralelas, de "coleguinhas" que haviam distribuído sua devida cota de dedilhações, mas queriam mais - e empurravam os outros que ainda não haviam participado da festa. Quando as mãos não alcançavam o alvo, começou o vale-tudo: pés, canetas, livros de matemática enrolados, qualquer coisa que alcançasse o sublime objetivo da punição esgarçante: detonar o traseiro do colega.

Tia Bizarra, à força de ajuda externa, conseguiu interromper aquela verdadeira pena de morte moral. No dia seguinte, os pais do linchado invadiram o colégio com natural fúria apocalíptica. Mas Tia Bizarra, que já havia explicado direitinho a situação para seus superiores, foi poupada - recebendo como castigo exemplar uma semana de suspensão (fazer o quê, se não tinha como contratar professor substituto com a miséria que pagavam pra ela?). -"Ora!", protestou-me depois a parenta, se achando injustiçadíssima, "eu falei que não tinha jeito com criança... mas pensa bem, Bizarro: eu duvido que esse moleque vá dar dedada em alguém de novo nessa vida. No fundo, a lição valeu!".

Pois é, Tia. A "lição" certamente penetrou lá no fundo - e bota fundo nisso. Tenho certeza de que, mesmo que esse coitadinho volte a andar normalmente, vai rever seriamente suas táticas de aproximação sexual. Ah, vai.