quinta-feira, 3 de maio de 2007

Cumé mermo que liga issaqui, maninhozinho?



O nome parece um palavrão: "Programa de Ensino Médio Presencial por Mediação Tecnológica". Apertando a tecla SAP, trata-se de uma espécie de upgrade do Telecurso Segundo Grau: aulas do currículo nacional ministradas via TV. A diferença é que a coisa ganhou contornos maiores, já que o aluno não fica mais apenas babando na frente da telinha e fazendo cara de paisagem toda vez que bóia na explicação e não tem botão rewind pra apertar. Agora há toda uma "plataforma didática digital multiserviço", movida a conexão via satélite de banda larga-e-meia. O que permite turbinar a coisa toda com videoconferência, mensagem instantânea, transmissão de vídeo à YouTube, quadro branco eletrônico e o escambau. Assim, num esquema de deixar os Jetsons babando, trocentos alunos podem interagir e participar de uma única aula, mesmo que o professor esteja lá no caixa-prego.

Lindo. Só tem um probleminha: o projeto foi criado pela Seduc pra oferecer aulas do ensino médio a estudantes de 300 localidades rurais do Amazonas.

Localidades rurais. Do Amazonas. Pais e mães que se penduram 30 dias num motor de rabeta só pra levar filho pro médico na capital. Professores que nunca participaram de uma teleaula - até por que mal TV eles têm. E estudantes cujas escolas, até ontem, não tinham nem giz. Todos gente de valor - digna, esforçada, inteligente, capaz. Mas também gente pra quem a tecnologia é, literalmente, coisa de outro mundo.

E aí, o quê que a gente faz? Fácil, diz o povo da Seduc. Vamos gerar "multiplicadores". Pega 260 professores dessas comunidades rurais escohidas pra receber o Programa, soca todo mundo no Tropical Hotel (!) e vamos oferecer um curso mega-intensivão de 11 dias, pra fazer Inclusão Digital neles sem vaselina. A cabocada matuta vai sair daqui antenadíssima, ultra-high, o máximo - dando aula de wireless, uplink e downlink, streaming, telefonia IP e o caralho de asa. Tudo bem, antes a gente vai ter que ensinar umas coisinhas básicas também - tipo, o que diabos é um computador, pra que serve o botão de "ligar" e tudo o que vem depois disso. Ah! Cabe ainda um sarau-relâmpago de etiqueta, tipo Danuza Leão em 10 lições, pra demonstrar a essa gente singela tudo o que se deve (e, principalmente, o que NÃO se deve) fazer num hotel 5 estrelas. Lições tipo "o garfo é seu amigo", "A piscina é pra banhar e não pra lavar roupa" e "Porque não devo levar pra casa essas toalhas e travesseiros tão bonitinhos?".

É. Vai dar merda.

Mas, no fim, tudo é por uma ótima causa - e há de funcionar. A agência na qual eu trabalho a ferros foi contratada pra dar suporte e fazer um documentário institucional. Tudo sobre esses 11 dias na Ilha Digital da Fantasia. Rezem por mim: se eu sobreviver à pressão, Bizarro Kid vai ter assunto pra 10 anos.

4 comentários:

DaniG. disse...

Ah meu filho, depois de onze dias no Tropical todo mundo vai sair igual Alex Deneriaz: conectados ! hahahahah Valei-me Nossa Senhora dos Daundlõads em Alta Velocidade, isso vai dar mmuuuuiiitoo o que falar. Ja fico imaginando os filhos de Dona Maria todos no youtube. Diliça pura.

Andrea disse...

A piscina de banzeiro do tropical vai virar um caldo quente! Isso vai ser mais engraçado que as arveres somos nozes...Quando tu terminar teu bloco de anedotas, digo, teu documentário institucional, manda o making off dele aqui pra gente!
Um belo projeto de prospecção e resgate cultural...hohohoho!!!
Muitos beijos pra ti Bizzy!!

Anônimo disse...

Manozinhoooo, essa eu queria ver. Cá pra nós, tô com pena é desse povo, não do hotel. Não falo mais por causa de uma maldita ética profissional, mas conto ao vivo e a cores assim que der, porque eu não sou baú!!! Beijos.

Alexandre Nogueira Santana disse...

Errê! Pois que vamos então organizar uma "reunião do conselho" pra saber desses fuxicos OFFiciais, Ziza, que eu fiquei troncho de curiosidade! E eu também tenho que contar pra vocês o que anda rolando por lá... coitados dos nossos caboquinhos.