sexta-feira, 15 de junho de 2007

"Poltergeist" encontra "Psicose": o banheiro bizarro e suas luzes maravilhosas.


- Sêo Bizarro?
- Hã.
- O Ralo do seu banheiro tá acendendo.
- Cumequié, mulher de Deus?
- Tá acendendo, sêo Bizarro. Eu fui lavar o box e tinha uma luzinha piscando lá de drento, assim a modo que nem se uma lâmpida tava acesa lá no fundo. O sinhô mandô instalá uma lâmpida drento do ralo?
- Acredito sinceramente que não, Dona Ana.
- Intão acho melhor o sinhô mandar alguém ir lá ver que negócio isquisito é esse, que eu num vô lavá o banheiro cum aquele treco alumiando lá, não!

A pergunta que eu me faço nessas horas é: "por que eu?" Diaristas zelosas normais procuram seus patrões pra reclamar que o gás acabou, que o teto tá com goteira, que a torneira tá vazando ou que o poodle da vizinha cagou no tapete da porta. Mas, obviamente, encontrar uma diarista normal que topasse trabalhar lá em casa seria pedir demais.

Como a gangue do Scooby-Doo tava ocupada e deve haver pouquíssimos encanadores-eletricistas especializados em fenômenos domésticos paranormais dando sopa por aí, sobrou pra mim ficar de plantão, numa das minhas poucas noites de folga, dentro do box do banheiro, à espera de um luminoso contato imediato por parte do tal ralo-ovni. Quem sabe, né? Vai que alguma entidade mística do plano superior, que curta um lance mais alternativo na hora de manifestar-se fisicamente (só pra zoar com a vida alheia, é claro) tenha escolhido justo o ralo do meu banheiro para fazer uma revelação absurdamente bacana sobre a vida, o universo e tudo mais.

Bem na hora em que o Daniel ia largar uns tapas no meio das fuças da Taís (eu liguei a TV com volume no talo, pra ouvir a novela), o raio do ralo realmente acendeu e quase me matou de susto. Aí eu saquei que a pobre da Dona Ana tinha razão de ficar preocupada: ela é crente, e deve ter achado que ralo piscando era coisa do demo. Eu mesmo revi minhas convicções religiosas naquele momento: decidi fundar um culto no banheiro e cobrar dízimo dos fiéis que viessem ali, buscar iluminação espiritual e higiene pessoal de uma tacada só.

Mas a questão era bem mais ordinária do que parecia: depois de um papo com o vizinho de baixo, soube que ele tinha feito uma reforma no banheiro e mudado a saída do bucal da lâmpada de lugar. Mas a coisa não tinha sido muito bem-sucedida: vazava luz do banheiro dele pro meu e água do meu banheiro pro dele. Frustrado, decidi não dar mais trela pra diaristas superticiosas ou fenômenos domésticos não-catalogados nos Arquivos X. E assim que a TV parar de transmitir mensagens de gente morta, eu volto pra minha novela.

5 comentários:

Andrea disse...

Adooooooooorei isso, totalmente bizarro! Agora manozinho, isso não dá choque não (interrogação). Porque se a água é condutora de energia e...Se eu fosse tu chamava a sogras queridas pra tomar banho na tua casa! rsrsrs!
Beijoooooooooooooo e tanta, tanta saudade! E uma inveja que pinga do próspero encontro bizarro que vai rolar...rs!

Anônimo disse...

Muito bom o econtro consigo mesmo...fiquei imaginando esta busca espiritual no banheiro (uma busca interna produnda rsrsrsrs...) e de fundo o som contagiante ..PLIM PLIM..

Anônimo disse...

Sorte que ele não posicionou essa lâmpada no vaso sanitário, imagine só a pobre da empregada trancando c u com medo da luz ...

Alexandre Nogueira Santana disse...

Eu só publico essas coisas porque não resisto ao deboche de meus queridos leitores sobre minhas pequenas desgraças diárias. É uma coisa meio espiritual, sabe? (ou talvez, puro masoquismo mesmo...) :-)

Anônimo disse...

Não entendi!!! Se o cano d'agua é independente do conduite que leva a energia eletrica...como a luz vazava por lá? Mesmo que o bocal tivesse se mudado, como ele estaria dentro do cano? Queria entender para poder dizer que vc realmente esta livre desta bizarrice. MAs acho que, sem um curso de encanador, ou, de eletricista, é um pouco arriscado vc abandonar os cultos!!